Armação dos Búzios recebe a 2ª edição do Festival da Pesca – Feira de projetos do Mar para celebrar as riquezas da comunidade pesqueira
Com uma programação para todas as idades, o evento propõe uma imersão em ciência, na cultura caiçara, na gastronomia local e em educação sobre a vida marinha.

Nos dias 18 e 19 de outubro, Armação dos Búzios será palco da 2ª edição do Festival da Pesca – Feira de Projetos do Mar. A celebração, aberta ao público e gratuita, irá exaltar os saberes da pesca artesanal, a riqueza da cultura caiçara e da gastronomia local. O evento acontece das 12h às 20h, no sábado, e das 11h às 19h, no domingo.
A programação levará à Praça Santos Dumont (próxima à Rua das Pedras) o resultado dos projetos apoiados com recursos do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). A primeira edição, realizada na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, reuniu mais de mil visitantes e encantou o público ao permitir a interação com animais vivos, como ouriços e outros conhecidos por poucos, como pepino-do-mar, propor jogos sobre conservação marinha e levar ao parque destaques de pratos típicos do litoral fluminense, alguns deles já com presença confirmada em Búzios. “Acho cada vez mais interessante trabalhar com a divulgação do saber, porque é muito empolgante ver a curiosidade e as respostas das pessoas ao conhecerem os projetos”, declarou Luciano Gomes Fischer, coordenador do Projeto Salvar, do Instituto NUPEM/UFRJ – apoiado pelo projeto Pesquisa Marinha e Pesqueira. Por isso, assim como na primeira edição, o formato do Festival democratiza conhecimento sobre ciência e educação ambiental que sustentam a conservação da biodiversidade local.
“Queremos promover a informação por meio da interação com o público. Nem sempre as pessoas têm a oportunidade de ouvir os saberes de quem trabalha com a pesca e isso desperta curiosidade e empatia. Desta forma, o público compreende melhor o impacto das ações humanas e a importância da relação entre conservação, bem-estar, produção e tradição”, diz Manuela Muanis, coordenadora de projetos no FUNBIO.
Os 24 quiosques participantes irão expor os resultados dos projetos Pesquisa Marinha e Pesqueira, Apoio a UCs e Educação Ambiental, apoiados com recursos do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) Frade e geridos pelo FUNBIO. Das experiências culinárias ao conhecimento científico, o evento é uma oportunidade de reafirmar a importância da bioeconomia e exaltar o potencial do Turismo de Base Comunitária
(TBC) da Região dos Lagos.
As mulheres que diversificam a renda das comunidades pesqueiras “As próximas gerações saberão que é possível trabalhar com artesanato e costumes tradicionais”, declara Luciana Passos Rafael, presidente da Associação Bonecas Negras, que levará criações artesanais exclusivas, resultados dos cursos de costura da instituição. Seja com a venda de produtos derivados da pesca ou artesanato, o trabalho da Associação conecta o visitante ao território e demonstra a força das mulheres na diversificação de fontes de renda. Assim, o Festival também dá espaço para iniciativas que fortalecem geração de renda,
pertencimento e identidade cultural. No caso de Búzios, a Associação desempenha um papel importante no resgate e na preservação da cultura local, impactada desde 1964 pela visita da atriz francesa Brigitte Bardot. Até então uma pequena comunidade de pesca, ela se tornou um dos destinos turísticos mais procurados do país, alterando o ritmo de vida das comunidades locais.
Para Luciana, o trabalho da Associação propõe um novo olhar sobre os roteiros e vivências de turismo, exaltando cadeias produtivas sustentáveis, que consideram todo o ciclo de vida de um produto, da extração da matéria-prima ao descarte, gerando renda e conservando o território. “A nossa união nos sustenta, nós fazemos acontecer através da força de trabalho”, afirma Luciana.
Gastronomia também é história
Do mar à mesa, o evento terá um espaço especial para a gastronomia sustentável, com destaque para participação da Cooperativa Mulheres Nativas de Arraial do Cabo. Formada por pescadoras acima de 60 anos, elas desafiam estereótipos de gênero ao se aventurar em alto mar, uma atividade majoritariamente masculina. Além disso, a cooperativa fortalece a cadeia produtiva, beneficiando o pescado. Suas criações gastronômicas perpetuam saberes ancestrais de suas mães e avós.
Para a celebração, as Mulheres Nativas levarão um prato inédito, desenvolvido especialmente para o evento, resultado do projeto Educação Ambiental. Sua presença reforça a importância de valorizar a pesca feita por mulheres e garantir que esse ofício seja transmitido às novas gerações. “É uma receita que, na primeira semana que foi lançada lá na cooperativa, nós vendemos o dia todo, porque todo mundo que experimentava pedia mais.” conta Margareth Julião, idealizadora e vice-presidente da iniciativa.
Segundo Margareth, o desenvolvimento da receita exclusiva do croquete de camarão levou algumas semanas de teste para chegar ao resultado, que superou as expectativas de vendas e representou a conclusão de mais uma etapa de um dos compromissos assumidos para a realização do projeto.
Outro destaque é a iniciativa Lagos em Ação, que também parte do projeto Educação Ambiental e conecta maricultores de Arraial do Cabo a renomados chefs da gastronomia moderna carioca. Para quem valoriza um pescado fresco, a Associação levará ostras e vieiras para degustação na hora.
Ciência interativa é diversão
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